Foto:Solange Benevides
O violão é um dos instrumentos mais tocados
no mundo. O dedilhar das cordas produz uma das mais belas artes: a poesia
musical que, mesmo sem palavras, fala à alma. É certo que muitos o tocam por
simples prazer, outros, como uma terapia ou passatempo. Há ainda aqueles que
dominam a técnica e, mesmo sem a imposição da voz, conseguem a mágica de
encantar com a melodia. É esse o caso de Wilson Cirino (1955), músico de
formação erudita, compositor, arranjador e professor, que tem iniciado muitos
jovens na arte das cordas, como um multiplicador da paixão que motiva a sua
vida desde criança.
A predestinação para a música parece ter
sido marcada em seus primeiros anos, pois seu pai, dentista e violinista, lhe ensinou
a tocar cavaquinho aos 3 anos de idade. Com os saraus que promovia em casa, onde interpretava
músicas de compositores como Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Jacob do
Bandolim, povoou o imaginário do menino e plantou as influências que o filho
faria florescerem adiante.
Foi o violão que ganhou de sua irmã aos 13 anos
que lhe deu a certeza do rumo que queria dar à carreira profissional iniciada na TV Ceará,
com sua apresentação no programa Porque hoje é Sábado, e com a participação
nos festivais que se realizavam em sua cidade. A busca do aperfeiçoamento levou-o
ao Conservatório de Música Alberto Nepomuceno, onde estudou música e teatro,
encarando essas artes como fundamentais para o caminho que seguiria.
Com efeito, em 1965, iniciou sua trajetória musical com o Grupo Cactus,
que aliava teatro e música. Em 1967, apresentou um concerto no Teatro José de
Alencar, em Fortaleza, mostrando obras de Chopin e Listz. Dois anos depois, foi
classificado no I Festival de Música Popular Aqui no Canto, com a música Rosa, de sua
autoria.
No início dos anos 70, a convite do amigo Sérgio Costa, foi morar no Rio de Janeiro. Em 1971, gravou dois compactos simples. O primeiro, em parceria com Raimundo Fagner, lançado pela RGE, com as músicas “Copa Luz” e “Nova Conquista,” de sua autoria e de Sérgio Costa. O outro foi lançado pela Continental, contendo as músicas “Baião do Coração” e “ÉGH Galega” também de sua autoria e de Sérgio Costa.
Ainda no ano de 1971, surgiram os festivais nordestinos da extinta TV Tupi e o Festival da Canção Nordestina, que projetaram os nomes dele, de Rodger Rogério, Ednardo, Ricardo Bezerra, Petrúcio Maia, Belchior, Fagner, Lauro Benevides, Jorge Melo, Luiz Fiúza, Ribamar, Pretextato Melo, Dedé, Branquinho, Sérgio Pinheiro e Manassés.
Em 1973, tomou parte no grupo Pessoal do Ceará com os cearenses Belchior, Jorge Melo, Fagner e Sérgio Costa; tempos depois, uniram-se ao grupo: Ednardo Ródger, Teti, Manassés e Edson Távora, completando-se, assim, a geração que é referência para a música cearense até hoje. No mesmo ano, participou do programa Mixturação, da TV Record, no Teatro Record, com os cearenses, os Novos Baianos, o Grupo Capote, Simone, Paulinho Nogueira, os irmãos Clôdo, Climério e Clésio, Walter Franco, Secos & Molhados, Marcus Vinícius Anah e Renato Teixeira.
Por essa época, Cirino fez os belos os arranjos da canção Na hora do almoço, com a qual Belchior venceu o IV Festival Universitário da MPB. Foi quando, também, participou da execução de trilhas sonoras para os filmes: Amazônia, A Baleia, Belém Brasília e Uma Colônia de Pescadores - todos de Mário Kuperman – realizados nos anos de 1972/73, em São Paulo; e musicou um documentário sobre violão para o Instituto Villa Lobos, onde estudava teoria musical.
Sua trajetória ao lado de músicos já consagrados se iniciava, atestando seu talento como compositor, arranjador e instrumentista. A música “Quarto de pensão”, de sua autoria, foi interpretada pela cantora Elis Regina, e “Baião do coração” por Simone. A partir daí, tocou com Gilberto Gil e Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Gonzaguinha, Milton Nascimento, Pepeu Gomes, Naná Vasconcelos e fez participação no discos: Berro (com Ednardo e Mário Henrique); Cauim (com Ednardo e Pepeu Gomes) e Soro ( com vários intérpretes), tendo reconhecida a sua engenhosidade como músico.
Em 1978 gravou pela CBS seu primeiro LP: “Estrela Ferrada”, indicado como um dos discos mais influentes da música cearense pelo caderno de cultura Vida e Arte do jornal O POVO de Fortaleza- CE. Seguidamente, realizou trabalhos no Chile e na Argentina com ótima aceitação no meio musical.
No ano de 1981, gravou “Moenda” pela RCA e construiu carreira solo nas noites cariocas. A turbulência da vida íntima e as dificuldades de sobrevivência longe do seu cantochão fizerem-no decidir voltar para Fortaleza, onde realizou alguns shows, começou a ministrar aulas de violão e encontrou paz existencial, mantendo-se avesso a holofotes, jogos de poder e esquemas de mídia. Nunca deixou de estudar música e compor, aperfeiçoando-se cada vez mais na arte que já domina tão bem.
O encantamento produzido por Cirino ao pontear as cordas do violão parece confirmar a frase de Confúcio: “A música produz um tipo de prazer de que a natureza humana não pode prescindir”. De fato, Cirino escreveu sua história inspirando, arrancando sorrisos e suspiros profundos de felicidade de quem o ouvia, numa pulsão capaz de transcender a mera existência. Mais que um instrumento de trabalho, o violão é seu companheiro, sua possibilidade de voar no arrebatamento das notas musicais.
Sua simplicidade como ser humano é proporcional à grandeza de seu talento. Suas composições são poemas sonoros que enlevam e tocam o sublime. Por detrás do rosto sisudo, reina a serenidade e a sensatez de um músico experiente e sensível que nunca deixou de aprender e continua sua carreira sem arroubos, compondo e fazendo projetos que ainda surpreenderão muito o seu público.
No início dos anos 70, a convite do amigo Sérgio Costa, foi morar no Rio de Janeiro. Em 1971, gravou dois compactos simples. O primeiro, em parceria com Raimundo Fagner, lançado pela RGE, com as músicas “Copa Luz” e “Nova Conquista,” de sua autoria e de Sérgio Costa. O outro foi lançado pela Continental, contendo as músicas “Baião do Coração” e “ÉGH Galega” também de sua autoria e de Sérgio Costa.
Ainda no ano de 1971, surgiram os festivais nordestinos da extinta TV Tupi e o Festival da Canção Nordestina, que projetaram os nomes dele, de Rodger Rogério, Ednardo, Ricardo Bezerra, Petrúcio Maia, Belchior, Fagner, Lauro Benevides, Jorge Melo, Luiz Fiúza, Ribamar, Pretextato Melo, Dedé, Branquinho, Sérgio Pinheiro e Manassés.
Em 1973, tomou parte no grupo Pessoal do Ceará com os cearenses Belchior, Jorge Melo, Fagner e Sérgio Costa; tempos depois, uniram-se ao grupo: Ednardo Ródger, Teti, Manassés e Edson Távora, completando-se, assim, a geração que é referência para a música cearense até hoje. No mesmo ano, participou do programa Mixturação, da TV Record, no Teatro Record, com os cearenses, os Novos Baianos, o Grupo Capote, Simone, Paulinho Nogueira, os irmãos Clôdo, Climério e Clésio, Walter Franco, Secos & Molhados, Marcus Vinícius Anah e Renato Teixeira.
Por essa época, Cirino fez os belos os arranjos da canção Na hora do almoço, com a qual Belchior venceu o IV Festival Universitário da MPB. Foi quando, também, participou da execução de trilhas sonoras para os filmes: Amazônia, A Baleia, Belém Brasília e Uma Colônia de Pescadores - todos de Mário Kuperman – realizados nos anos de 1972/73, em São Paulo; e musicou um documentário sobre violão para o Instituto Villa Lobos, onde estudava teoria musical.
Sua trajetória ao lado de músicos já consagrados se iniciava, atestando seu talento como compositor, arranjador e instrumentista. A música “Quarto de pensão”, de sua autoria, foi interpretada pela cantora Elis Regina, e “Baião do coração” por Simone. A partir daí, tocou com Gilberto Gil e Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Gonzaguinha, Milton Nascimento, Pepeu Gomes, Naná Vasconcelos e fez participação no discos: Berro (com Ednardo e Mário Henrique); Cauim (com Ednardo e Pepeu Gomes) e Soro ( com vários intérpretes), tendo reconhecida a sua engenhosidade como músico.
Em 1978 gravou pela CBS seu primeiro LP: “Estrela Ferrada”, indicado como um dos discos mais influentes da música cearense pelo caderno de cultura Vida e Arte do jornal O POVO de Fortaleza- CE. Seguidamente, realizou trabalhos no Chile e na Argentina com ótima aceitação no meio musical.
No ano de 1981, gravou “Moenda” pela RCA e construiu carreira solo nas noites cariocas. A turbulência da vida íntima e as dificuldades de sobrevivência longe do seu cantochão fizerem-no decidir voltar para Fortaleza, onde realizou alguns shows, começou a ministrar aulas de violão e encontrou paz existencial, mantendo-se avesso a holofotes, jogos de poder e esquemas de mídia. Nunca deixou de estudar música e compor, aperfeiçoando-se cada vez mais na arte que já domina tão bem.
O encantamento produzido por Cirino ao pontear as cordas do violão parece confirmar a frase de Confúcio: “A música produz um tipo de prazer de que a natureza humana não pode prescindir”. De fato, Cirino escreveu sua história inspirando, arrancando sorrisos e suspiros profundos de felicidade de quem o ouvia, numa pulsão capaz de transcender a mera existência. Mais que um instrumento de trabalho, o violão é seu companheiro, sua possibilidade de voar no arrebatamento das notas musicais.
Sua simplicidade como ser humano é proporcional à grandeza de seu talento. Suas composições são poemas sonoros que enlevam e tocam o sublime. Por detrás do rosto sisudo, reina a serenidade e a sensatez de um músico experiente e sensível que nunca deixou de aprender e continua sua carreira sem arroubos, compondo e fazendo projetos que ainda surpreenderão muito o seu público.
Aíla Sampaio