quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Rosa, vegetal de sangue

Rosa, vegetal de sangue (uma tragédia carioca)
Autor: Carlos Heitor Cony

Característica da obra: Neo-realista (Otto Maria Carpeaux)

(Material de apoio para o Vestibular da UFC)

SOBRE O AUTOR:

Carlos Heitor Cony nasceu a 14 de março de 1926. Embora formado em Filosofia, passou a trabalhar na Imprensa (Suplemento Dominical do Jornal do Brasil e Revista Senhor) e, a partir de 1960, é admitido no Jornal Correio de Manhã, inicialmente como redator, passando, mais tarde, a editor. É neste Jornal que estréia como cronista, com a coluna Da Arte de Falar Mal. Viajou por diversos países e dirigiu as Revistas Ele e Ela e Desfile (Grupo da Revista Manchete). Produziu contos, romances, crônica e biografia.Escreveu, em 1955, o Romance O Ventre, publicado em 1958 e ganhou, por duas vezes, o Prêmio Manuel Antônio de Almeida, em 1957 e 1958, com os Romances A verdade de Cada Dia e Tijolo de Segurança.

Obras seguintes:

Informação ao Crucificado; Matéria de Memória; Antes, o verão; Posto seis; Balé Branco; Chaplin (biografia); Pessach: a Travessia (livro que faz uma acusação direta ao partido comunista – ele foi preso seis vezes durante a ditadura); Pilatos (é o livro do homem que lava as mãos); Quase memória; O piano e a orquestra (escrito durante uma viagem de navio) Sobre todas as coisas;

Livros para a Ediouro (Edijovem): Quinze anos; Luciana Saudade; Uma Vitória Legal; Uma História de Amor; Um presente para Claudia; Marina, Marina; O amor e as Pedras; O Irmão que tu me deste; e Rosa, Vegetal de Sangue.

Fez adaptação de toda a obra de Júlio Verne, dos Irmãos Karamazov (edição de três volumes adaptada para 80 páginas). Fez a sinopse de três novelas para a TV: Dona Beija, Kananga do Japão e A Marquesa de Santos.

ENREDO:

Rosa Maria, moça de apenas 20 anos, trabalha como recepcionista do Jornal Diário da Manhã e é amante do jornalista Lobianco, 50 anos, comentarista das notícias internacionais do mesmo órgão. Embora magrinha e com ares de suburbana, Rosa mostra-se atraente pelo seu jeito “classudo” de andar (como uma enguia), pela naturalidade com que acende e fuma o seu cigarro e pela pintura carregada de seus olhos amarelos e verdes. Antes de completar 20 anos, Rosa conhece Lobianco, que surge como a solução para os seus problemas. O pai, Tomás Antônio da Silva, antigo porteiro do Tribunal de Justiça, aposentara-se antes do tempo por ter sofrido um enfarte e, com o salário completamente defasado, tira os dois filhos do colégio (Rosa e o irmão Almir) e é obrigado a aceitar que Rosa trabalhe como recepcionista para ajudar nas despesas da casa, situada no bairro Quintino Bocayuva (Rio de Janeiro), que já se encontra praticamente inabitável. No jornal, Rosa conhece Lobianco e torna-se sua amante, mesmo sabendo que ele é casado e tem dois filhos e uma filha da sua idade. Como Lobianco se dispõe a ajudar a família dela, o pai e a mãe logo aceitam a relação clandestina e se mudam para o Bairro Rio Comprido, onde o “protetor” alugou um apartamento para que eles morassem. O jornalista evita contato com a família da moça, mas, na noite em que o pai dela sofre outro enfarte, após relutar, assume os sentimentos por Rosa e resolve ir ao apartamento deles e solidarizar-se. Ele decide alugar um quarto e sala para Rosa, no bairro de Botafogo, (seu caminho para casa) e pede aumento ao diretor do jornal, onde é tratado com certo prestígio pela consideração que o dono tinha ao seu pai (um poderoso distribuidor de jornal, morto pelo amante da amante). Acertado o aumento, ele exige que Rosa pela demissão do cargo de recepcionista do 3o. andar e a moça passa a viver exclusivamente a sua disposição. De segunda a sexta-feira, quando sai do jornal, ele passa na casa dela, onde permanece durante muitas horas fazendo sexo e descansando. No sábado e no domingo, ele se dedica à família e Rosa aproveita para visitar os pais.

Com o passar do tempo, Rosa se sente vazia e velha para a sua idade e começa a se incomodar com a solidão dos finais de semana, se enfastiando até com as visitas à casa dos pais. Numa noite, ela decide descer para pedir uma pizza e, quando menos espera, recebe-a em seu apartamento, das mãos de um rapaz que a viu e se encantou. André se identifica e revela sua atração, mas, ao saber da situação da moça, vai embora e pede que ela o esqueça, mas deixa em Rosa um fascínio desmedido que a faz procurá-lo várias vezes em diversos lugares da cidade. Sem encontrar André e sentindo-se cada vez mais incomodada com o fato de ser objeto de posse de Lobianco (Você é minha), Rosa aceita se encontrar com o Diretor-Superintendente do Jornal em que Lobianco trabalha, mas não aceita deitar-se com ele, antes exige ganhar um relógio Beaume-Mercier e, após seduzi-lo com seu jeito de andar e fumar, ela sai sem deixá-lo explicar o que queria falar com ela.

Rosa vai registrando tudo em seu diário: o incômodo com o fato de Lobianco pagar o colégio de Almir, seu irmão, sua solidão, seu amor frágil. Chega a se sentir uma prostituta ao concluir que só está com ele para ajudar a sua família. Sente-se uma Rosa vegetal e outra vez desce para a lanchonete que fica no térreo de seu prédio. Conhece Luís e Ricardo, dois jovens, e se interessa especialmente pelo primeiro, que lhe parece mais distinto. Sai algumas vezes para passear de carro com eles, registra no diário e pensa em contar tudo a Lobianco, mas sempre adia porque ele chega cansado. Sem entender a própria atitude, Rosa dá a chave de seu apartamento a Luis e, inesperadamente, a narrativa já nos revela que ela está morta sobre a cama, com os lençóis revirados. O enterro ocorre sem que Lobianco a veja (ele foge quando sabe a notícia e passa a noite sozinho num motel de estrada).

Nesse ínterim, Lobianco vai ao apartamento dos pais da moça, que não parecem estar sofrendo com a tragédia. Ele se refugia lá durante alguns dias; Lemos, o investigador de polícia que cuida do caso, o encontra, interroga-o e revela que não suspeita dele. Diz que todos os jornais já noticiaram o caso, inclusive citando o nome dele e dos outros amantes (o jornal diz que ela costumava receber rapazes). O investigador conta, também, que até fizeram entrevista com a mulher e a filha dele (de Lobianco). Antes disso, o mesmo investigador havia procurado o Diretor do Jornal, Dr. Alberto, e ficou sabendo que ele procurou Rosa porque um Ministro, a quem o jornal devia favores, queria encontrá-la. Depois, o leitor fica sabendo que, não tendo tido oportunidade de falar a Rosa os reais motivos do encontro com ela no apartamento do Largo do Machado, o Dr. Alberto a chantageou, dizendo que se ela não fosse encontrar o ministro, demitiria Lobianco. Rosa vai encontrar o velho ministro e fica enojada quando ele começa a querer alguns rituais; agride-o com a bolsa e decide enfrentar o Dr. Alberto: se ele demitir Lobianco, contará tudo à imprensa.

Lobianco, após o encontro com o delegado, vai ao apartamento onde Rosa morava e, estranhamente, até aquele momento não sentira falta da moça (só alívio), sente desejo por ela. Como prometera ao investigador procurar os dois rapazes com que Rosa estava supostamente envolvida, desce à lanchonete que ela freqüentava e é interpelado por um jovem, Luís (que parece visivelmente sentido) e começam a conversar. Fica-se, logo depois, sabendo que Luís e Ricardo eram amantes e, por perceber que o parceiro estava interessado em Rosa, Ricardo copiou a chave do apartamento dela, entrou lá durante a noite e a matou, sufocando-a; quando ela ouviu os passos entrando no apartamento, pensou que fosse Lobianco, depois, Luís que a acariciava no pescoço. Pede que não a machuque (a carícia a está sufocando) e diz que precisa viver, mas a mão enluvada, que ela pensa ser de Luís, não tem piedade.

SINOPSE / COMENTÁRIOS

Rosa, Vegetal de Sangue (uma tragédia carioca) é um romance contemporâneo, predominantemente narrado em 3a. pessoa (narrador observador onisciente). O discurso do narrador é centrado no passado (a ação não é contemporânea do discurso). O estilo é fluente, os personagens utilizam uma linguagem simples, por vezes coloquial e o discurso flui como no ritmo de uma crônica longa (ler a nota do autor, transcrita no final desse trabalho), que não obedece a uma seqüência cronológica. Segue a linha de livros paradidáticos (Faz parte da Coleção Edijovem da Ediouro. Conheçamos a sinopse:

CAPÍTULO 1 - Rosa Maria está em sua mesa de recepcionista no terceiro andar do prédio em que funciona o jornal Diário da Manhã. Espera ansiosamente a hora de sair para desligar o ar condicionado de sua sala (tarefa que ela detesta). Passava todo o expediente olhando as horas no relógio que ganhara do amante Lobianco no seu aniversário de 20 anos. Ela lembra que, na semana anterior, o diretor-superintendente do jornal, o todo-poderoso Dr. Alberto, enquanto esperava o elavador, aproximou-se dela para perguntar se aquele relógio era da marca Beaume-Mercier, mas logo viu que, embora bonito, era um relógio simples, sem marca. Lembra também que, após o expediente, foi ao cinema com o amante, depois pegou o ônibus para o Rio Comprido, bairro onde morava com os pais e o irmão. Desde então passou a sonhar em ter o relógio mencionado pelo diretor do jornal.

CAPÍTULO 2 - O narrador nos apresenta Lobianco que, às vésperas de completar 50 anos, recorda o pai – Antônio Lobianco – de quem herdou o nome, um italiano de Nápoles que chegou ao Brasil em 1922, e iniciou a vida profissional como jornaleiro, passando, depois, a dono de bancas espalhadas por vários pontos do Rio de Janeiro. Em seguida, o velho tornou-se capataz e recebia “um grande volume de jornais e revistas para distribuir entre as bancas, as próprias e as associadas” (p.11). Ganhou dinheiro, formou os filhos e morreu quando, na volta de uma viagem de carnaval, encontrou a amante (que já tinha um filho seu) na cama, abraçada a um mulato forte. Após ser agredido, o mulato navalhou Antônio (pai de Lobianco), ferindo-o mortalmente. Além dessas recordações, o narrador mostra como Lobianco, embora formado em direito, entra para a área de jornalismo e como se sente em relação à vida profissional, já que deve ao nome do pai a abertura das portas e não ao próprio talento.

CAPITULO 3 – O narrador descreve o caráter dócil de Lobianco e como ele conquista seu espaço como redator do jornal, embora jamais desvinculem seu nome do de seu pai. Comenta sobre o temperamento plácido dele que, contrariando o padrão comportamental dos colegas, não colecionava amantes. Menciona o estágio de Rosa Maria na recepção do jornal e o seu primeiro encontro com Lobianco. Logo já se vê Rosa como sua amante, pedindo-lhe um Rádio-relógio digital vermelho, sua cor predileta.

CAPÍTULO 4 – O narrador refere-se ao bairro (Quintino Bacoyuva), onde Rosa Maria morava quando conheceu Lobianco e conta a história do pai dela – Tomás Antônio da Silva – antigo porteiro do Tribunal da Justiça que, tendo sofrido um enfarte aos 45 anos, aposentou-se, antes do tempo, por invalidez. O narrador conta como Rosa arranjou o emprego e como comunica aos pais que está sendo amante de um homem casado. O pai reconhece que a filha está se vendendo ao se entregar a um homem casado, com a sua própria idade, mas a mãe argumenta que “Rico não fica velho... Só pobre envelhece” (p21). Dois meses depois, Seu Tomás e Dona Ana vão ver o apartamento que Lobianco alugou para toda a família em Rio Comprido, para onde logo se mudaram, felizes pelo fato de o amante da filha também custear o colégio de Almir, o filho de 11 anos. Em seguida, já no apartamento, Rosa mostra o Rádio-Relógio vermelho-sangue que ganhou.

CAPÍTULO 5 – Aparece Rosa no trabalho, reclamando do calor (o ar-conicionado não funciona bem) e Lobianco pedindo que ela pinte menos os olhos. Glorinha, a filha de Lobianco vai ao jornal pedir dinheiro ao pai e ele se sente mal em ver, juntas no mesmo ambiente, a amante e a filha, ambas com a mesma idade.

CAPÍTULO 6 – Lobianco, ainda incomodado com o encontro da filha e da amante, se recusa a sair com Rosa. Vai deixá-la em casa e se aborrece porque sabe que o pai dela sofreu outro enfarte. Sente-se explorado, embora Rosa não faça exigências. Ele a deixa na calçada e promete ligar para saber notícias. Resolve voltar porque analisa que ama Rosa e quer assumi-la inteiramente. Sobe ao apartamento dos pais dela, o que a surpreende, e conhece a família.

CAPÍTULO 7 – Lobianco resolve pedir um aumento de 50% ao diretor do jornal, exige que Rosa peça demissão, aluga um apartamento (quarto-e-sala) para ela em Botafogo. A moça passa a viver exclusivamente para ele.

CAPÍTULO 7 (DO DIÁRIO DE ROSA MARIA) - Já se inicia com textos do diário de Rosa Maria, que, desde o momento em que passa a viver no quarto-e-sala em Botafogo, instigada pela solidão, começa a escrever um diário onde revela fatos do seu dia-a-dia e as inquietações acerca de sua vida. Lobianco passa boa parte da tarde (após as 17 horas) com ela, descansando ou fazendo sexo incansavelmente, mas ela se sente só, sem vida. Confessa que está suscetível e chega à conclusão de que quer mudar de vida, pois não o ama; aceita-o porque depende finaceiramente dele.

CAPÍTULO 8 - O narrador retoma o discurso e já narra o momento em que o comissário de polícia encontra o corpo de Rosa desfalecido sobre a cama.

CAPÍTULO 9 - Tem-se a narrativa da rotina de Lobianco no jornal (Sem saber ainda do crime);

CAPÍTULO 10 - Aparecem os comentários do comissário Lemos sobre o diário de Rosa e a lista de suspeitos, já manifestando, inclusive, o prazer de interrogar o tão “certinho” todo-poderoso Dr. Alberto;

CAPÍTULO 11 – O narrador volta a Lobianco, em sua fuga para não enfrentar a situação (refugia-se num motel de estrada) e sua visita à casa dos pais de Rosa;

CAPÍTULO 12 - Aparece o interrogatório do comissário com o Dr. Alberto e a revelação de que ele não queria ter caso com Rosa, mas apenas “arranjá-la” para um ministro que lhe havia exigido.

CAPÍTULO 13 - A mãe de Rosa retorna do cemitério e encontra Lobianco em sua casa, oferece-lhe o quarto de Almir, onde ele descansa alguns dias, até a chegada do comissário para uma conversa elucidativa. Após ser chamado de assassino pelo pai da morta, promete continuar a pagar o colégio de Almir.

CAPÍTULO 14 - Lobianco sobe ao apartamento onde Rosa morava e “Na carne dele, havia um pouco de desejo, desejo por uma morta” (p.90). Após relembrá-la, sentindo-se, entretanto, aliviado, desce à lanchonete e encontra Luís, o amigo de Rosa.

CAPÍTULO 15 Luís conta que era amante de Ricardo, que brigou com ele por causa de Rosa e que, numa noite, enciumado, Ricardo roubara sua chave e copiara com a intenção de ir à casa de Rosa para matá-la.

CAPÍTULO 16 - Inicia com comentários do narrador sobre a última página do diário de Rosa, logo passamos a saber, ainda pelo discurso dele, como Rosa foi ao jornal encontrar o Dr. Alberto, como foi chantageada e o seu encontro com o ministro, um velho maníaco que ela repudia. e a sua decisão de mudar de vida. Logo é narrado o momento em que o assassino entra em seu apartamento e mata-a, sufocada com um lenço.

ESPAÇO – Rio de Janeiro do século XX

Bairros mencionados:

Quintino Bocayuva – onde Rosa mora antes de conhecer Lobianco

Rio Comprido – onde Rosa passa a morar quando Lobianco aluga um apartamento para sua família.

Botafogo – onde Rosa passa a viver para seu amante e a se sentir um “rosa-vegetal”, sem vida. É lá que ela é assassinada.

Bonsucesso – Bairro apenas citado, onde o pai de Rosa é internado durante um mês quando tem o enfarte (Hospital do IPASE).

Leme- onde fica o apartamento do Ministro que queria ser amante de Rosa

Cosme Velho – onde fica o quarto-e-sala onde o Dr. Alberto se encontra com Rosa.

O centro do Rio de Janeiro.

PERSONAGENS:

Rosa Maria – 20 anos - Aparentemente frágil, mas muito decidida. Percebe que está perdendo sua juventude dedicando-se a um homem que a assume, mas que não lhe pode dedicar tempo. Apaixona-se platonicamente por André, um rapaz que só viu uma vez; mostra interesse por Luís, um rapaz jovem que lhe dá atenção quando Lobianco a deixa só. Mostra-se sedutora e provocante com o Dr. Alberto e se recusa a ser amante do Ministro. Descobre que não ama Lobianco, embora goste de fazer sexo com ele e, antes de ser assassinada por Ricardo, amante enciumado de Luís, confessa no diário que quer mudar de vida. Morre aos 22 anos.

Lobianco – Redator de jornal, 50 anos, casado, pai de dois rapazes e uma moça. Tem bom temperamento, mas se sente injustiçado profissionalmente no jornal e tem uma certa revolta por ter de sustentar duas famílias (a dele e a de Rosa). Diz-se apaixonado, mas sente alívio, estranhamente, quando Rosa é assassinada. Tem 52 anos no final da história.

Dr. Alberto – Diretor-superintendente do Jornal Diário da Manhã.

Tomás – Pai de Rosa

Ana – Mãe de Rosa

Almir – Irmão de Rosa.

Elisa – Esposa de Lobianco

Glorinha – Filha de Lobianco

Lemos – Investigador de polícia

André – Rapaz jovem, aparece apenas uma vez, quando vai levar a pizza que Rosa pediu no restaurante.

Luís – Rapaz jovem, que Rosa conhece na lanchonete abaixo do seu prédio. É amante de Ricardo, mas Rosa não chega a saber.

Ricardo – Amante de Luís, assassina Rosa com ciúme. É filho de ministro.

Ministro – Amigo de Dr. Alberto, com quem tem um jogo de interesses. Deseja ardentemente ser amante de Rosa, mas não consegue.



NOTA FINAL

A história de Rosa Maria é inspirada num episódio da crônica policial do Rio de Janeiro. Em 1973, uma moça foi vítima de violência. Tanto os jornais como a polícia trataram o caso dela como de uma leviana, quase uma prostituta. E a moça não era nada disso. Pelo contrário: em certo sentido, era pessoa bastante honesta, que vivia com um homem casado e nunca o traía. E, o mais estranho no seu caso, foi o fato de ter repelido, também com violência, a proposta de um grande personagem da vida pública, que estava disposto a torná-la sua amante oficial, com mais regalias e status. Ela recusou para ser fiel a si mesma. O fato não foi revelado na ocasião – nem nunca – mas nos bastidores foi muito comentado.

Por tudo isso, pelos tipos que passam pelo romance, pelo ambiente e até mesmo pelas tramas secundárias, Rosa, Vegetal de Sangue é uma tragédia carioca dos dias que correm.

C. H. C.

Transcrita da obra Rosa, Vegetal de Sangue. Rio de Janeiro, Ediouro: S/D (última página)

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