Totonho Laprovítera representa bem o arquétipo do artista
contemporâneo: é inquieto, múltiplo, visionário. Se ecletismo é palavra de
ordem nesse tempo de depuração de fórmulas e dogmas, ele é exemplo de uma
personalidade forte, cunhada em linhas claras, que se movem como um
calidoscópio. Isso mesmo, Totonho enxerga a vida pela cor dos seus ideais; nada
lhe é estanque, e nenhuma possibilidade de criação é descartada. Ele aprendeu
cedo que a gente vem ao mundo pra ser feliz, não importa como, todos os desvios
são válidos se forem do bem.
Sua arte, legado de sua sensibilidade
e experiência, reflete seu prazer de estar no mundo para transformar traços em
imagens, palavras em formas que se delineiam, ante nossos olhos, e se multiplicam
em ondas sonoras. Arquiteto formado pela UFC, artista plástico com currículo
internacional, Totonho é, sobretudo, esse sorriso que nos encanta, essa pessoa
capaz de, com leveza, vestir ideias com palavras, transformar uma bola amarela
no sol, como sugeriu Picasso. A poesia e a música, como as artes visuais, são o
seu lugar no mundo; é o espaço em que ele se move para transfigurar a abstrata
matéria do sensível em algo concreto: um projeto arquitetônico realizado, um
quadro pintado, um poema escrito, uma música composta.
É da
argamassa do sonho que ele faz seu caminho. Pisa firme em qualquer chão, mas
seu território é a arte. Capaz de transformar beirais em largos chapéus, ou de
cobrir de sedas os substantivos, ele desencanta verbos e traça analogias
inusitadas. Costura o tecido do tempo
com pincéis e telas, e se assume nordestino, com a sinceridade dos que são,
antes de tudo, autênticos, donos de um estilo singular, mesmo sendo um ser
plural. Suas múltiplas faces são desdobramentos de um talento que transborda,
de um espírito inventivo que não cabe em si, precisa extravasar, como um rio em
cheia.
Essa
merecida homenagem da Elite só acrescenta cores à sua caleidoscópica atuação no
cenário artístico. É bem possível que ele, o arquiteto, trace passarelas
preciosas; que o poeta encontre rimas no passo marcado da moça que pisa; que o
pintor desenhe estampas nos olhares que cruzarem o seu; que o compositor enrede
a tarde em canções que acordarão a
felicidade de ter amigos para partilhar a alegria de viver.
Pinta o mundo, Totonho, com as cores
dos teus sonhos, e nos envolve na música que canta o teu coração. Tece a tarde,
costurando as horas, sem esquecer o sorriso moleque de menino levado que rouba
as cores do arco-íris para vestir as palavras e transformá-las em poesia!
Aíla Sampaio - Escritora e professora da Universidade de
Fortaleza
Apresentação do Totonho Laprovítera no Livro DIÁLOGOS, de Fernando França.
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